Largo de Santos
O edifício situa-se na transição do Largo de Santos com o Largo Vitorino Damásio, na frente ribeirinha de Lisboa, um terreno com duas frentes de natureza distintas.
O corpo sul assenta no aterro da Boavista, na zona plana da cidade. A norte confina com a Calçada Marquês de Abrantes, uma rua inclinada, de encosta, aberta pelo plano de Eugénio dos Santos para a reconstrução pombalina de 1755.
Temos assim uma frente plana virada a sul, de desenho fluido e influência moderna e um tardoz de forte pendente a norte, de raíz pombalina e carácter regrado.
O edifício resolve uma situação urbana especial, de transição de um quarteirão convencional de dois edifícios, com logradouro interior, para um único edifício com duas frentes. O lote é por isso tenso, triangular convergente e é recortado a nascente por um pequeno edifício pré-pombalino a manter.
Estando inserido num quarteirão excepcionalmente longo (450m), que remata a sul o bairro da Madragoa, o projecto propõe uma passagem pública exterior coberta, que providencia ao bairro histórico um novo acesso directo à cota baixa da cidade. É uma rua-escada, como tantas outras que caracterizam a Lisboa histórica.
O edifício assume-se como uma peça de acompanhamento, essencialmente urbana, de carácter neutro e sem vontade própria. Ele segue e dá corpo ao que o contexto lhe indica, em continuidade formal e material com a envolvente. A contemporaneidade revela-se no interior ou lê-se nas entrelinhas da pormenorização.